segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Trabalho de contos. “psicose, violência e morte”



Depois de um bom tempo sem postar conteúdo novo, já volto com força total! Trago o universo de um escritor que vem causando polêmica com seu trabalho. Vale a pena conferir essa escrita poética, sedutora e ao mesmo tempo grotesca de HUGO GUIMARÃES. Ele nos presenteou com dois contos:


Hugo: "- olá, pessoas todas. Esse é meu primeiro trabalho de contos. “psicose, violência e morte” dois contos de HUGO GUIMARÃES."



“Minha Vida Com Rafael Frota Superstar”

um conto de Hugo Guimarães


Meu nome é Hugo Guimarães e eu sou maravilhoso. Fascinante. Exótico. Feio e belo. Muito pegável e um garoto realmente único. Eu era uma grande merda, mas ninguém precisava saber até eu ser destruído por um garoto que é a média de todo mero garoto pegável. Naquele 4 de abril eu fui á aula, tirei sangue para saber quanto mais eu deveria esperar para não dividir hepatite B com ninguém e eu tinha um bandaid feio e nada sexy no meu braço esquerdo até eu chegar em casa e meu marido dizer que o garoto da foto viria trepar com a gente. Meu pau, gostoso como morango me disse que algo daria errado, mas ele estava tão ensangüentado que ele não pôde pensar em nada, pois o que pensasse foi afogado com tanto sangue e todo o meu leite de bebê desceu do céu para o meu saco e ele era o Rafael Frota.

Ele era foto até aparecer ás 8 da noite e meu marido disse á ele que eu era apenas um amigo porque ele era muito sagrado, muito adjetivável a príncipe, tanto que ele teve de mentir para estar aberto, para que o sagrado garoto pudesse se apaixonar por ele fazendo sexo com ele ou conosco. Então eu não era mais Hugo Guimarães. Eu me tornei mero e Rafael Frota desceu do céu. Eu ouvi uma comum voz de veado atravessar a porta da casa e lá estavam na sala Romeo e Julieta, ele e o meu marido. Eu fui dizer “oi” com uma proteção no meu pé torcido, uma bermuda esportiva preta e uma camiseta podre dos Sex Pistols e aquilo era muito rameiro, muito nada para Jesus que era quem ele era. Ele piscou, disse “oi” e apertou minha mão. Eu voltei para o meu quarto como um hambúrguer e então ele foi comer o arroz integral no quarto do meu marido até que no meio da foda ele concordou em comer a fast food também que era eu e que podia vomitar tudo facilmente depois do bom, danoso e mero prazer. Eu disse não porque sim, Rafael Frota bateu a porta na minha cara e então meu incrível prazer de ser rejeitado começou a me alimentar. Eu amo sofrer e eu amo sofrer por garotos belos. Então, Bob Dylan começou a cantar para o meu pau ainda confuso, dormir. E eu pensava “Eu quero tanto uma medalha de ouro do campeonato de voleibol do condomínio, porque temos mais duas boas bichas no time e nós temos de ganhar, temos de ganhar mesmo que meu pé esteja torcido”. Rafael tomou um banho e eu adoro garotos que tomam banho. Rafael esperou sua irmã buscá-lo e eu adoro garotos que as irmãs vêm buscá-los. Então eu decidi deixar meu marido. Comecei a arrumar minhas malas, o mandei calar a boca e logo percebi que eu não era um caminhão para levar todas as minhas coisas embora naquela noite. Então eu fui dormir para decidir morrer e não morrer em 20 minutos. Perguntei-me quantos quilos eu ia conseguir perder durante o campeonato de voleibol e o quanto Rafael Frota fez eu me sentir como um hambúrguer. Meu marido é como as nuvens, anda sempre do mesmo jeito. Meu marido é como o mundo, sua órbita é sempre a mesma. Meu marido é como a lua, se afasta 3 centímetros por ano. Então só me restou me apaixonar pelo garoto mais lindo do mundo: Rafael Frota. Ele tem 20 anos, 21 em alguns dias. O saco dele parece de chocolate branco porque ele o raspa tão perfeitamente como mostrou a foto... Ele é Jesus - Ele é Jesus que andou pela terra santa e esteve faminto e foi morto. O que eu quero dizer é que ele mora em um bairro pobre, mas ele conhece Londres por causa de uma tia. Por ter estado em Londres ele se acha especialmente incluso na sociedade e fala um inglês tão pobre que é insuficiente até para ajudar um estrangeiro da Índia. Eu não disse isso á ele porque logo começamos a conversar on line porque eu queria foder ele tão forte como ele jamais foi. Eu queria chupar o cu dele até ele sentir minha língua na sua próstata. Eu queria saborear aquelas bolas de chocolate branco muito lentamente. Eu queria o fazer se sentir no céu que ia prover quatro dos meus jatos de leite em seu rosto e ele se apaixonaria, se apaixonaria. Guardei todo o lixo do Mcdonald´s. Dias se passaram e eu alimentei Rafael com gostosos, gostosos sorvetes e vagarosos fios de mel de tanto poder de auto-estima que eu me tornei Jesus atrás do balcão. Eu me tornei sofrimento completamente. Ele era poderoso para dizer não, para ir embora todos os minutos, para dizer que eu sou insano e então eu decidi ir á cruz. Dois minutos e 14 comprimidos depois eu já estava bem de novo, minha festa de aniversário no dia 11 de abril foi uma punheta coletiva, mas eu tinha esperança de foder o Rafael. Eu me dizia “Se eu morrer poderei estar com ele em qualquer lugar, vou poder seguí-lo até sua casa em mau estado, abusá-lo no vagão do metrô, ser o café ruim do insignificante trabalho dele, ser sua caneta na sua medíocre universidade e acima de tudo chupar o cu dele toda noite, cheirar os sopros da bosta dele e sentir extremo prazer em assustá-lo quando eu mover uma cadeira ou mover seus pés”. Amanhece na cidade e eu estou indo empurrar a cadeira de rodas do Rafael para o seu primeiro dia de volta ao trabalho. Tudo porque o namorado dele não o deseja inválido e eu sou tudo o que restou e ele finalmente pôde sentir meu amor mesmo sabendo que fui eu, fui eu quem atirou nele. Minha vida é uma cadeira de rodas. Eu não gosto do meu trabalho, eu não gosto da minha casa, eu não gosto do meu corpo, eu não gosto da minha cara, eu não gosto do meu pau e eu não gosto das pernas com quais ando. O pior de tudo é que Rafael odeia tudo isso também e ele nem mesmo sabia que escrevi um livro... Ele não sabia que sou um escritor e nada pôde ser pior do que isso. Eu disse ao meu marido naquela mesma noite que eu o perdoei por ter tentado se casar com o Rafael e por me amar, mas quando fui dormir o céu perdeu um pouco do meu leite. Eu tive uma longa masturbação e meu lençol engoliu o leite do meu pau. Meu pau é tão delicioso, tão macio, tão belo e tão maior do que o do Rafael que eu pensei que eu deveria enviar uma foto dele para que ele pudesse ter algum interesse em provar aquele mesmo leite que o lençol tomou e que só a foto não poderia dar a ele. Os dias que se passaram depois foram vazios como copos de café para escritórios, e nada mudou. O namorado do Rafael não morreu. O amor da vida dele continua no sul do país e ele não aceita meus convites para um café. As ofensas que dirigi á ele em alguns e-mails não serviu para o marketing de psicose alguma, mas só para ele pensar que eu era um hambúrguer e para eu me sentir tão mero. Mais uma noite e eu disse ao meu marido “Se o Rafael Frota não vier até aqui pra trepar comigo na nossa casa, eu vou me matar”. Então eu fiquei alguns dias esperando o meu marido cumprir a sua tarefa enquanto eu estava realmente preocupado sobre o meu pedido de aumento de salário. Eu estava muito preocupado por não saber dirigir. Eu estava bem preocupado por ainda não ter aparecido na tv para falar sobre o meu livro. Eu estava bem preocupado com o meu remédio novo que dificulta bastante minha ejaculação. Ó garotos do mundo... Estou tão cansado que eu não posso mais pensar em cada um de vocês como eu fazia. O mês de maio acabou e eu liguei para o Rafael para descobrir que a voz dele é afeminada, para descobrir que ele pensa ser sensitivo, para descobrir que ele mente mais do que eu e que eu não sei mais o que eu sou e o que eu sinto. Passei quatro horas pensando em frente ao rio mais podre da cidade e então eu percebi que tudo o que eu queria era sentir o suor do Rafael Frota pingando em mim e pensei “Aquelas gotas não podem cheirar pior do que todo esse rio”. Mais uma noite chegou, choveu, choveu na minha cara e meu marido veio me buscar como a lua veio. Eu não fui crucificado e Rafael Frota não é nada. A vida é vazia de novo e todos os garotos têm o mesmo gosto... O que eu vou fazer agora?

O título deste conto foi inspirado pelo zine “My Life With Evan Dando: Popstar” da escritora e musicista americana Kathleen Hanna.



“Holocausto”

um conto de Hugo Guimarães


Na minha tenra idade eu queria ser um arremessador de martelo no meu quintal. Eu girava gatos fugitivos pelo rabo. Girava e girava esperando lançá-los o mais longe possível. Ás vezes eu errava o arremesso e o gato se fodia na parede ou se fodia na grade de ferro ou apenas voava por cima de ambos. Caía no chão do vizinho e saía andando. É uma questão de ver as coisas. Mas uma questão de vítima. Eu sou uma vítima. E eu não era forte o bastante para arremessar um martelo e nem vim a ser. Por isso eu arremessava gatos. Acordei essa manhã rejeitando tudo. Dos meus remédios, eu sei, até minha gata que desejo ás vezes arremessar da janela do meu apartamento, ás vezes quando meus remédios faltam. Eu me pergunto se criar uma gata é redenção ou se é perseguição, comigo culminando em realmente arremessá-la da janela. Minha médica disse que isso é transtorno bipolar. Eu pensava que bipolares eram os ursos bissexuais até aquele dia. Eu não me importo. E eu não vou á análise. Eu só tomo remédios por pura e barata diversão sem graça e meu médico é uma mulher. Que crédito posso dar á uma mulher? Eu odeio todos os americanos de todas as Américas nessa manhã. Estou sujo como um europeu velho. Eu desisti da minha mãe, eu desisti do meu desejo e me escondi dos amigos engraçados. Desisti de tudo. Mas é engraçado, muito engraçado que eu acordei e meu pau estava duro quando eu fui mijar e foi difícil. É difícil quando você tem um pau doce e pequeno enchendo a sua boca, a vida comendo seu cu de pau mole e você goza, você goza, entende? Eu faço muito isso e preciso parar. Gozar é algo que entra na minha cabeça, vindo do lado de fora da porta. Esse “algo” são os garotos e eles são garotos heterossexuais e isso precisa parar. Eu poderia ser densamente introspectivo observando freiras da minha janela, mas eu observo garotos, só garotos. Na verdade, é da janela do meu amigo Ivan que eu observo esses garotos. Da minha janela eu só consigo ver os garotos no parque que construíram do lado da favela. Garotos negros e sujos circulando e ninguém deste prédio vai até lá por medo, por nojo, pela superioridade interna que é clara, por manter a cadeia social como ela é. “Nós perdemos um parque, os favelados perdem tudo” esse é o espírito. Eu estava feliz por estar lá encima do prédio desejando um grande incêndio para queimar aquela favela, desejando alguma atitude do governo para simplesmente sumirem com ela daqui. Se eu fosse surdo, podia ser o silêncio. Se eu tivesse uma abelha presa dentro do meu ouvido, poderia ser o grito; mas são rodas de skate. Rodas de skate no asfalto que infernizam minha cabeça até o pau que eu tenho aqui na mão não parar de pulsar e isso tudo é um lindo, lindo garoto. Algo está errado. Como vou dividir minha casa com espíritos, silêncio, feiúra, sujeira, puro ódio se aqueles garotos ensolarados estão lá no asfalto? Todos eles dissolvidos em sangue dentro do meu pau que pulsa e pulsa. Eu sinto a morte encapuzada com um pau enorme como uma picareta. Eu sinto uma estátua de cemitério com um pau de pedra. Tudo por causa dos lindos garotos que saem da minha cabeça e assustam a minha casa. Eles se transformam nos espelhos e dizem “Você é feio, garoto”. Eu sei disso e eu não posso apenas desistir. Meu desejo anda com rodas de skate pelo centro da cidade e eu preciso continuar acreditando que uma foda de verdade vai acontecer e essa manhã eu comecei a fazer algo, de verdade. Eu realmente comecei um dia na vida fazendo algo. Eu pensei que teria o meu Sk8er perfeito. Bom, tudo isso eu pensei na manhã de ontem, na verdade. Ontem á noite eu fui á casa dos meus amigos. Eu queria não ter amigos. Eu queria encontrar a casa deles vazia ou que eles pudessem ser só vazios, que não pudessem me ver. Eu queria entrar lá como um fantasma curioso. Eu queria ouvir o que eles dizem, queria ver o que eles fazem, mas eu não queria ter que concordar com tudo, não ter que dividir garrafas que não tem o gosto que eu quero. Eu sempre me sentia assim, mas ontem eu podia sentir meu corpo mais vivo, ironicamente. Eu queria existir. Eu queria fazer algo. Eu e mais três veados, nós somos a banda “The Five AIDS” ou “Os Cinco AIDS”. Mentira, esse era o nome que eu queria para ela, mas ninguém quis porque ninguém mais pega AIDS. Ou então essa doença jamais existiu, como falam do holocausto. A verdade é que essa doença não assusta mais ninguém. Ela é velha e nós somos jovens. Ela é fraca e nós somos fortes. Então decidimos pelo nome “Travis Bates Band”. O nome significa o filhinho de dois homens maníacos: Travis Bickle, o maníaco do filme “Taxi Driver” e o matricida Norman Bates em “Psicose”. Parece perfeito. Temos famílias desastrosas dentro de um caos urbano. Temos Anthony Perkins, um veado de beleza frágil. Combinando claro, com a beleza cachorra e violenta do Robert de Niro. Imaginar os dois atores protagonistas desses personagens trepando é uma cena perfeita para uma banda de rock de veados musicar. E principalmente por não sermos cinco e sim quatro. Na verdade, não temos nome nenhum. Colocar nomes em grupos de amigos é norte americano, é pretensioso, é egocêntrico, é inútil. Assim como o autor da idéia: eu. É tão engraçado não termos nomes... Então decidimos nos chamar uns aos outros apenas com as primeiras letras dos respectivos nomes: Eu sou Hugo, e tem o Ivan, o Van e o Summer. O que nos faz os HIVS! Poderia ser engraçado, mas não é. Ninguém fala nome nenhum, essa é a real. Lá estava eu com meus amigos. Até a noite de ontem não éramos nada além de eu, escritor. Ivan, um amante de mijo. Van, um fanático por câmeras e Summer, o garoto Baseball. Ivan é o dono da casa, o típico migrante do interior do estado que vive em um velho apartamento da família. Ele mija porque o mijo dele é claro o bastante. Eu acho que ele mija porque está na moda.Eu não creio que ninguém mijou nele na infância porque acho que as pessoas não colocam traumas em fodas. Eu imagino isso porque meu pai me bateu na cara muitas vezes e um dia, quando eu achei que seria legal apanhar de um garoto na cama eu lembrei o quanto odiava meu pai e meu coração disparou e meu ar sumiu. Acho que o Ivan mija como um cachorro mija um poste, eu acho. O faz por uma questão de fluência, eu penso. Mesmo porque quando ele goza, ele não consegue lambuzar os meninos como ele gostaria, ele não consegue gozar como eu. “Van the cam” ou “Van the man...” Nenhum de nós seria imortal se não fosse pelas câmeras dele. Nós somos imortais porque ele não gosta de fotografias. Ele não gosta de filmar o céu e as estrelas e como elas se movem. Ele gosta de filmar paus, ele gosta de filmar fodas, ele gosta de filmar qualquer coisa que não seja só obviamente quente. Ele não filma somente ejaculações em super closes, mas ele filma sk8ers nas ruas e a sua câmera foca só o cu deles. O cu deles em movimento... Passeando... Entende? Em outros de seus filmes curtos de ruas, ele filmava os mais belos garotinhos de 10 anos de idade do bairro de Pinheiros chupando melancias. Sabe o que eles ganhavam por participarem dos filmes? Melancias. Depois ele editava os filmes colocando sua narração dizendo que ele estava se masturbando enquanto filmava os garotos com as bocas, pescoços e mãos encharcadas de melancia. Em outro dos filmes, não se via skate nenhum, nem boné e nem cu dentro de jeans grande. Mas se via um garoto ruivo de 14 anos que ele conseguiu prender com a ajuda de dois amigos, levando um banho de refrigerante em um parque. Todos esses filmes eram coisas melhores para fazer do que beber em frente á uma tv como estávamos fazendo ontem. A mãe do Van não está aqui nessa cidade. Ele veio para estudar cinema e foi o que ele fez. Eu tenho inveja porque ele é mais bonito do que eu, mas o perdôo, eu posso viver com isso. Porém eu o golpearia na cabeça. Eu tenho que dizer que eu estourava a cabeça dele se eu tivesse oportunidade. Só porque ele tem mais dinheiro. Eu o acho saudável demais, como se fosse uma vaca que comeu mais grama do que eu, grama melhor. Como o Ivan, ele também veio do interior do estado e eu poderia morar em um bairro mais alto se não fossem os migrantes. Claro que a presença deles não é grave como a dos nordestinos, claro, mas é um mini caos. Se eu estivesse perto de não ter escolha, eu o acertaria na cabeça, sem dúvida. Summer é uma cadela. Se eu tivesse uma cadela, esse seria o nome dela: Summer. E esse é também o nome do nosso último amigo. Feio. Nós parecemos três garotas perto dele. Ele é norte americano (...). Quem se importa? Foda-se, contudo... Ele é o maior e mais forte e tem um pau gigante. Aquele pau imenso foi o protagonista do final de muitos dos nossos porres... A última estrela da noite... A última gota de sangue para os bêbados... O último gosto da noite, a ambulância. Tudo isso é tão trágico como o pau do Summer. Ele tem dois paus. O outro é um taco de Baseball. Um brinquedo para jogos risíveis e um taco de violência, claro. Todos os garotos feios desejam destruir algo, eu acho. Eles querem enfear o mundo também. Eu e os garotos só queremos uma parte da raiva dele além dos paus, naturalmente. Por isso, Summer não nos destruiu literalmente e esteve na noite passada conosco. “Eu não quero estar aqui agora” Eu disse á minha cerveja preta. “Esses moleques não são a companhia que eu deveria ter” eu disse ás teias. “Eu simplesmente não consigo ser feliz como esse lindo momento sugere... drinks... risadas... a mesma depravação... e nada eu espero a mais e eu não tenho esperança”; Eu pensei e pensei e logo conclui que eu não deveria fazer do mesmo jeito e dar um passo adiante. Muito rápido, subi dos porões da escuridão do isolamento e da morte para a excitação e o desejo foi com eles que eu fiquei. Eu entrei na casa do Ivan ontem com a minha gata e começamos a filmá-la tentando sair de dentro de uma sacola plástica amarrada. Isso não é sofrimento. Eu comecei a pensar em sofrimento quando os olhos azuis da minha gata lembraram os olhos azuis do Lucas, um sk8er que mora na rua vizinha. Nós quatro, o foderíamos facilmente. Nenhum de nós tinha levado estupro a sério até a noite passada e ele era apenas um garoto belo andando por aí e cara... Nós não tínhamos nada como o sofrimento dele em nenhuma droga de filme. Eu disse ao Van que era uma vergonha e ele disse que não estava bêbado, que ninguém estava e que não estávamos brincando. Podíamos ainda ouvir algumas rodas de skate lá embaixo. Só o que ouvíamos. Pois felizmente, já tinha acabado o maldito culto dos evangélicos malditos. Então eu comecei mais uma vez discursar sobre meus ideais homo terroristas; havia o primeiro deles que não era homo, era sobre nordestinos. Um projeto de lei que limitaria empresas nas contratações de pessoas de fora do estado. Algo como cinco por cento do quadro ou algo assim. Isso inibiria a migração para a nossa cidade e impediria que ela continuasse transbordando. Os fodidos dos nordestinos são os que mais transbordam a cidade e todos os cidadãos e universitários daqui que conheço, gostam da idéias. Todos racistas, essa é a verdade. Outra brilhante idéia era juntar os garotos para criar o movimento “Quebre um skate”. A idéia simplesmente consiste em quebrar um skate para cada caso de violência homofóbica já praticado em nossa cidade. A abordagem seria feita em bando contra sk8ers desacompanhados que ouviriam “Estamos quebrando seu brinquedo em nome de um veado espancado”. A idéia original mesmo era quebrar o skate na cabeça do garoto, mas isso não seria viável... Mas só quebrar o skate na frente dele já seria prazeroso. Meus amigos amam a idéia, amam. “Pode gravar, meu filho” e começamos a filmar a noite com o infame banho da minha gata. Ela já estava presa no banheiro quando começamos a mostrar o quando estávamos sincronizados para o Lucas... Nossos três paus duros dentro das calças apontavam para a mesma direção “Yeah, nós somos machos pra caralho!”. Nada muito relevante, que culminaria em um estupro de um boneco inflável que atuaria como Lucas. Várias tomadas depois de apertões de paus duros dentro de calças e eles queriam já pular para fora. Só que não de uma forma usual. Não era o que a noite propunha. Já era madrugada e essa, uma cheia de ódio. Então descemos as escadas, filmando e alguém deveria cair no final do filme e não seria nenhum de nós... Ao menos era essa a narração e era essa a idéia. Lá estávamos nós na rua. Eu tinha uma faca. Eu não sei se é porque meu pai tinha um açougue, mas a única arma que eu podia manusear bem era uma faca. Eu podia mostrar e podia usá-la, facilmente. Summer tinha o seu taco de baseball e ninguém joga baseball nesse país, especialmente na rua de madrugada. Isso significava que alguém cairia. Ivan, bem... Nós estávamos na casa dele e toda casa precisa de uma arma de fogo e lá estava ele mostrando ela dentro de suas calças e aquilo significava que alguém se furaria. Lucas, o garoto que íamos estuprar era colega de colégio do Ivan. Eles não conversavam. Era belo quando ele sentia frio e vestia uma blusa. Belo quando ele comia um sanduíche, a forma tão rápida que podia mastigar. O quanto sua boca era grande. Ele não conseguia fazer nada além de andar em um skate e ele continuava belo com o passar dos anos e as garotas feias podiam capturá-lo e derrubá-lo em uma cama ou em alguma arquibancada porque a vagina era a razão da existência do mundo. Qualquer vagina. Talvez menos as vaginas negras, mas grande parte das vaginas. Os garotos da área sempre foram regulamentados pela vagina e lá estávamos naquela noite, famintos pelo cu virgem do Lucas. Famintos por sua pele virgem. Famintos por sua boca. Famintos por sua pele seca. Dois ou três garotos como Lucas andavam de skate com ele. Mas eles não tinham sincronia e mantinham distâncias que não eram uniformes. Estava muito escuro. Estávamos na rua de trás do museu e éramos quatro. Ficamos lá parados como fantasmas. Estávamos lá por algo e Lucas pensou o mesmo. Então ele veio até nós e dirigiu as primeiras palavras ao Ivan depois de todos esses anos.

- Blz, mlk? E Ivan disse: “Blz...”

- Você tem mato, não tem? Então Ivan mostrou o que carregava no bolso.

- Ta loko mlk? - Cala a boca. Eu disse.

Eu que nem mesmo o conhecia. E essa não é uma forma educada de se apresentar. Foi aí que Lucas percebeu que algo não ia bem.

- Da essa porra ae. O Summer disse apontando para o skate, então Lucas não era mais um sk8er. Era um frango. E não tinha mais skate. Summer é que tinha, além de um taco de baseball. E era feio e assustador.

- Vamos passear, relaxa. Eu disse. Poderia ter dito “Vamo dá um role, relaxa”, mas essa não era a minha língua. Ele é que deveria falar a minha língua e eu queria demais dar um pisão no peito do pé dele em toda falha de pronúncia da língua portuguesa que ele cometesse desde então. Mas ele não disse nada. Nós subimos pelo elevador e o zelador estava dormindo como sempre. O elevador era pequeno para cinco garotos e eu comecei a acariciar a pele do braço dele com a ponta da minha faca.

- Eu não tenho nada, cara. O garoto disse.

- Eu também não, e daí? Eu disse.

Dentro do apartamento do Ivan, Lucas já estava desesperado e o desespero o tomou em tais palavras “Eu posso arrumar qualquer coisa, grama, pó, não precisa me zoar, cara”.

- Para a câmera. Eu disse. Então Van tinha finalmente algo real e fascinante em película, jamais registrado. O garoto repetiu a frase roboticamente.

- Você me deve, Van. Eu disse.

Summer entrou em cena empurrando o garoto no chão e então nós começamos nossas intimações poéticas ao garoto no chão.

- Vaca (animal)

- Putinha (prostituta ou prostituto)

- Bichinha (pederasta tolo)

- Vagabundo (redundância)

- Cuzão (bosta) Lucas revidou

- Pegue o que quer e me deixe ir embora. Eu juro que tentei entender dessa forma. A frase não foi corretamente pronunciada, claro. Era outra língua que o garoto falava. Mas o mais inaceitável é que um Sk83r não pode oferecer nada material, simplesmente não pode fazer isso para se safar de coisa alguma, esse é o espírito, por isso ele merecia apanhar bastante.

Summer usou seu primeiro golpe norte americano cutucando a bochecha do garoto com a ponta do taco de baseball, sentindo o que tinha entre a maçã do rosto e a mandíbula direita do garoto: pele e dentes. Os poucos golpes o deitaram assim como o extremo bom humor de todos nós. Mas Lucas reagiu como um animal de rua. “Para com essa porra, filho de uma puta” foram suas últimas palavras. Eu disse “Por favor, não perca nada”. Ivan sentou no colo do garoto e segurou um dos braços dele contra a parede. Summer prendeu seu outro braço e segurando pela sua mandíbula, onde tinha quatro dedos na língua da vítima e o polegar pouco acima da garganta, chocou a cabeça do Lucas contra a parede de uma forma tão viril e tão animal que ele nem correu o risco de ter a mão mordida. Eu voltei da cozinha com uma garrafa de vinho barato. Summer substituiu sua mão de açougueiro e enfiou na boca do garoto tudo o que pôde da garrafa. Summer passou a cuidar só do outro braço da nossa presa e eu tomei-lhe a garrafa para pressioná-la na garganta dele o mais forte e ritmado que eu pude. Fiz isso até ele se debater tanto a ponto de expressar que estava sufocado, mesmo por que a garrafa estava aberta, veja só (risos). Eu disse “Olha Van, como ele esta lindo... E nem está sangrando...”. O vinho ainda escorria pelo pescoço dele assim como seu estado ofegante, então Summer começou a usar o taco de baseball como deveria. A regra era simples, se Lucas não abrisse bem a boca por vontade própria ele levaria um golpe na cabeça até que o fizesse. Logo ele sangraria muito. Ivan dizia “Abra a boca, putinha... Abra a boca”, então o garoto tentava abrir a boca o quando podia depois de dois bons golpes. Tentava abocanhar o taco, mas era inútil... Aquele taco não cabe na boca de ninguém (risos). Summer acertou-lhe o olho mais três vezes. Ainda estava só roxo. Então, antes que começasse de fato a sangrar começamos a fazer o ritual clássico dos sk8ers, começamos a chutá-lo todos juntos. Eu preferi chutar o rim, Summer chutou na cara mesmo, Ivan preferiu usar a sola do tênis no peito. Repetimos os golpes várias vezes. Só eu, acho que acertei uns oito chutes. Lucas já estava fraco. Fraco como um passivo.

Então começamos outra parte do ritual. Prendemos suas pernas para termos mais conforto. Ele gemia. Então finalmente demos o golpe no supercílio para que ele sangrasse, era o que queríamos. Então abaixamos as calças, todos, e começamos a nos masturbar olhando aquele garoto maravilhoso, sangrando, machucado, indefeso... Em nossas mãos. Era hora de a minha faca entrar em ação. “Fecha a boca dele, Summer” e eu fiz um pequeno corte em seu braço. Ele gritava pelo nariz. Tive que fazer mais dois cortes para desenhar a minha letra inicial, H. Então, com a minha boca no ouvido dele, disse didaticamente. “Agora você vai chupar, cada vez que não fizer certo, terá mais um corte no seu braço. Se você morder qualquer pau, nós vamos cortar o seu e enfiar na sua boca, entendeu?”.

Porn stars. É o que queríamos ser. Mas a estrela era o Lucas quando ele começou a chupar cada pau, por ordem de tamanho. Ele não decepcionou nenhum e não mordeu. Então a paz tomou aquele apartamento. Beethoven, Bach, todos foram cogitados para musicar aquele deleite, mas O autoreverse de “Touch Me With Your Love” da Beth Orton, venceu. O banhamos com vinho tinto. Ele ainda chupou os paus molhados de vinho. Banhado de vinho ele parecia ensangüentado. Isso é cinema. Seu corte não sangrava tanto. Então o deixamos mais sexy ainda. Misturamos cores. Nós três gozamos na cara dele. Muita porra. Van usava os closes nas partes certas. Focava o garoto banhado de porra, vinho e sangue do jeito certo. Muito empenho do Van. Mesmo porque ele não quis tocar o garoto. Ia se masturbar vendo o filme depois. No final, há a limpeza. No final, há a ordem. Ivan é que protagonizou o final do filme, o esperado final: o mijo. Ivan tinha todas as vaginas da escola em sua urina naquele momento, eu sei. Todos os sons de rodas de skates viraram urina na bexiga do nosso querido amigo. E lá estava a redenção. Ivan lavou todo o vinho, o sangue e a porra da cara do Lucas, com jatos bem fortes... Dos que apertamos o pau e depois soltamos para ficarem fortes. Uma redenção.

Estávamos todos satisfeitos, mas faltava algo. Algo que podíamos começar aquela noite. E tínhamos que fazer intensamente como tudo o que tinha sido feito até então. Juntamos nossos três underwears, amassamos e enfiamos na boca do Lucas um por um. Fechamos com silvertape. Lá estava ele de novo, focado na câmera e Summer logo ao lado com seu skate na mão. Era o meu presente, então todos começaram uma vencedora contagem regressiva. Quando o número um chegou, Lucas recebeu a primeiro golpe do seu próprio skate na cabeça. No terceiro ele já não tinha mais os olhos abertos, aqueles lindos olhos azuis. Como era menos belo com a ausência dos olhos, merecia se foder mesmo. Foi preciso mais três golpes para finalmente quebrar o skate. O filme terminou com palmas, nossas palmas. Eu pensei que podia morrer aquela noite. Eu já me sentia realizado na vida. Eu sabia que eu poderia me considerar já uma pessoa boa e justa e que vingara muita violência homofóbica e muita covardia. Lá estávamos nós com aquele garoto fodido, finalmente. Não sabíamos o que fazer com o corpo. Sequer sabíamos se estava morto. Então decidimos guardá-lo. O colocamos no banheiro junto com a minha gata carnívora para que ela fizesse mais algum estrago e a gatinha teria alguma diversão na noite também. E lá os trancamos.

Nós queríamos mais.

Lucas não poderia nos dar mais nada.

A mesma angulação de câmera, aquelas mesmas escadas nos levaram para a rua de novo. Levaram-nos para a mesma rua escura atrás do museu e bebemos mais. O ar frio da densa noite era o fumo depois da foda, era como a liberdade do assassino, do apartamento á rua. Nós estávamos esperando outro sk8er. Talvez não encontrasse nenhum porque era muito tarde, mas ficamos lá, na noite do foda-se, que a esquadrilha da fumaça das nossas bocas desenhava lentamente no baixo céu: f o d a – s e. Era uma noite mais enfumaçada do que as outras e foi por isso que não podíamos ver que estávamos em perigo.

Tínhamos telefones. Sim. Decidimos depois de algumas dezenas de minutos, nos separar e nos comunicar caso algum daqueles bostinhas aparecessem por perto. Eu pensava em um cu. Eu me perguntava algumas vezes porque não fizemos nada com o cu do Lucas e eu queria ter fodido. Devia estar o máximo aquele cu... Devia estar sujo, devia ser bem peludo e ele ficaria constrangido demais. “Seu veado de cu sujo” ia meter naquele cu dizendo isso e ele ia gemer. E se meu pau saísse do cu dele limpíssimo? Meu Deus... Isso provaria que ele é uma puta, uma putinha bem safada, bem cuidadosa... Mas teremos outra chance com outro daqueles filhos de puta. O Summer não vai deixar de brincar com o taco no cu do próximo moleque, não mesmo. Lá estava eu no meu ponto de espera. Ansioso. Enquanto eu esperava, eu observava uma lésbica chata dando uma entrevista para um cara desses programas que ninguém vê. Eles escolheram uma rua escura, limpa e calma para a conversa e quando se gravava a discussão passou um caminhão de lixo atrás da sapatona. Isso deve ter ficado perfeito. E não é “lésbica”, não é “sapa”, nem “sapata” tampouco “gay”. É “sapatona”, essa é a palavra para definir essas chatas. O caminhão de lixo significou a perseguição contra lésbicas, deixando a entrevista feia. A perseguição subjetiva, eu digo. As lésbicas têm o mesmo problema dos negros nessa cidade: A frase “Coitada de mim” que anda com eles, que não sabem o que é ódio. Os odiados de verdade são os garotos homossexuais e eu estou pouco me fodendo para isso e meus amigos também. As lésbicas se fodem sozinhas com isso, o que faz delas umas idiotas.

O caminhão se foi, a lésbica se foi e eu fiquei lembrando-me um tombo muito engraçado de um nordestino em uma rua mais abaixo. Ele tropeçou em uma mangueira de um caminhão que lavava a rua. Um tombo completo, fantástico. Só um nordestino muito estúpido poderia cair daquele jeito. Mas pensei também que os nordestinos não são o problema dessa bosta de cidade, sabe? O problema são os sulistas. Eles são mais bonitos que nós. Eles dizem que os nossos garotos são frangos de natal e as nossas garotas são barangas. E eles vêm andar nas nossas plataformas, veja só... E eles vêm andar nas ruas também e isso ás vezes me provoca pesadelos nos quais eu tropeço sucessivamente em plataformas como ovelhas pulam cercas. Por isso estou aqui esperando esse maldito sk8er, porque ele é belo.

“Lá vem ele”

Um sk8er chegou até o Ivan. Nós três estávamos prontos para nos aproximar e capturar-lo, mas algo estranho aconteceu. Cinco outros apareceram e começaram a espancá-lo antes que dissessem qualquer coisa. Ele levou vários chutes por todo, todo o corpo. Foi logisticamente chutado. Foi sortidamente alvejado. Foi deixado caído. Não sabia em que estado. Meu estômago ainda tinha espaço para medo. Mesmo com tanto vinho. Liguei para o Van: - Van, você viu aquilo?

- Vi sim

- Você gravou?

- Gravei

- O Summer não está no lugar dele, viu para onde ele foi?

- Não, não vi...

- Cacete... Vem pra cá, rápido!

Bem logo e bem assustado o Van apareceu com a câmera.

- Está tudo aqui, chame a polícia.

- Está louco? Você sabe o que tem mais aí nessa câmera?

- Eu edito e nós vamos.

- Nós precisamos achar o Summer primeiro, tá?

Então eu e o Van andamos pausadamente pelas ruas próximas. O telefone não respondia. Então ele apareceu em uma esquina, dormia levado pelos braços por dois daqueles moleques, sangrava. Eu não sei o que ele fez, não sei o que ele disse, mas eles fizeram igualzinho como fizeram com Jesus. Dois garotos o seguraram cada um por um braço, na posição de cruz. Outros garotos já chegavam e a cabeça era o principal alvo. Eles socavam a boca até conseguirem tirar um dente e o fizeram engoli-lo. Eu e o Van estávamos escondidos atrás de árvores. Eu cochichava para mim mesmo “Continue filmando, não perca” eu não podia fazer barulho. Mas eu caí. Desculpe-me, mas eu caí. Eu escorreguei e rolei pela pequena colina coberta de grama que acabava na rua de baixo. Aquilo fez barulho, claro. Desculpe-me.

Quando rolei o bastante, eu me vi encima de uma sarjeta com grade. Eu estava bem cansado, mas consegui tirar a grade e me jogar lá dentro, porque eu tinha medo, muito medo. Lá de dentro, eu ouvi um som que sem dúvida era câmera do Van sendo destruída. Eu ouvi deleite dos garotos. Um grito torto do Van e nenhum som humano, só da câmera. Ela foi quebrada na cabeça dele, eu sei. E lá estava eu dentro daquela sarjeta quando tudo se dispersou. Lá estava eu dentro de uma droga de sarjeta. Era perfeitamente o meu lugar. O lugar de um veado pobre, podre e fodido. Era o lugar que a sociedade me colocou. O silêncio. Pensava que logo amanheceria e o sol, todos os tênis azuis e lindinhos dos lindinhos garotinhos da região dos jardins andariam sobre a grade daquela sarjeta em direção á escola. Aquela mesma grade que já havia sido pisada pelos prostitutos mais belos a modelar pela região dos jardins. Logo eles iriam dormir. Talvez doesse menos ter sido espancado também e ter o sol iluminando meu sangue lá encima, na rua. Onde eu teria socorro, piedade ou morte. E dentro daquele sol, eu brilharia como um anjo e á noite, eu brilharia como uma estrelinha. Brilharia a noite onde muitos, muitos sk8ers passeariam com muita, muita beleza.

Tudo o que eu sei de verdade, é que como em muitos outros amanheceres, amanheci sozinho, sujo e sem querer acordar cedo. Quando a manhã chegou, eu saí da sarjeta com dificuldade. E lá estava eu pisando no chão de novo, como um garoto das Américas sentindo ódio de novo. Era o fim da Travis Bates Band, mas estava tudo certo, sabe? Os garotos sequer sabiam segurar os instrumentos.

Eu quero ficar sozinho. Eu não quero ver corpos. Eu não quero saber se estão vivos ou mortos. Se algum deles me ligar, vou fingir que estou morto. Morto como me senti encarando a rua essa manhã em direção á esse centro podre. Minha gata ainda deve estar comendo aquele corpo, ou não. O garoto pode ter simplesmente ter acordado e ido embora. Foda-se, não me importo nem com ele e nem com a gata. Uns montes de nordestinos estão aí fora por essas ruas podres vendendo porcarias, cantando porcarias, enquanto estou aqui nessa bosta de bar conversando com você tomando essa droga de café. A propósito, você está tanto tempo morando aqui que nem tem mais sotaque de nordestino, não é? O que você acha de irmos agora trepar em um desses motéis baratos? Eu não gosto de café.


“psicose, violência e morte”

p. Setembro de 2009 foto da capa: André D´Ugo (tks) modelo: Hugo Guimarães ;) tbpostpoetry@yahoo.com.br D.I.Y!


Produtos á venda: 01: Livro “Poesia Gay Underground: História e Glória” Ed. Annablume (2008)

Autor: Hugo Guimarães 02: Livro “Antologia SM da Literatura Brasileira” Ed. Annablume (2008) Organizadores: Antônio Vicente Serafim Pietroforte e Glauco Mattoso



Onde Encontrar: Livrarias Martins Fontes, Cultura, Siciliano, Saraiva, FNAC, Resposta, Galileu e outras.

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